O que acontece quando o autor de um blog com algum sucesso começa a postar textos onde um dia elogia as propriedades de um dado sumo, no dia seguinte coloca um vídeo ao volante do mais recente modelo de uma marca super jovem e acaba a semana a dizer que continua tão autêntico como o pijama 100% orgânico que está a usar, da última colecção da marca y? Acontece que os fãs acabam de assistir ao mais recente caso de um blogger possuído por marcas.
Este é apenas um exemplo fictício mas, na crescente relação entre criadores de conteúdos em plataformas digitais e as marcas, há muitas vezes falta de harmonização entre o o tom de quem cria conteúdos em nome próprio e o tom da marca a que se associa. É assim importante tentar compreender o que ajuda um conteúdo a tornar-se ou não relevante. Em muitos casos, quer se tratem de bloggers ou outro tipo de influencers,é comum assistirmos a um destes cenários quando algo corre mal:
a. o produtor do conteúdo foi ‘obrigado’ a seguir um conjunto de guidelines de marca que muitas vezes transformam o conteúdo final algo fora do seu próprio tom, tornando-se assim uma espécie de product placement mal conseguido.
b. A marca ou agência que trabalha com a mesma tentou criar uma adaptação do conteúdo que replique o tom da pessoa em causa, criando algo que geralmente não é carne nem peixe, o chamado ‘parece que é mas não é’.
Independentemente de ser claro que é uma parceria comercial, o melhor caminho, para além do bom senso, é deixar que o produtor de conteúdos interprete à sua maneira a sua relação com o produto e produza um conteúdo o mais natural que possível, validado posteriormente (ou não) pela marca. Caso contrário, a marca não aproveita o lado orgânico e informal que é a clara mais valia deste tipo de comunicação e apenas ‘compra espaço’ em mais uma plataforma. Já o produtor do conteúdo perde muitas vezes autenticidade e acaba por alienar parte da comunidade que o segue. E sem autenticidade, pouco resta para o distinguir dos demais.